quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Ficha: A Moreninha

"- É verdade, disse; não é a minha cabeça: a causa está no coração. Leopoldo, tenho tido pejo de te confessar, porém não posso mais esconder estes sentimentos que eu penso que são segredos e que todo o mundo mos lê nos olhos! Leopoldo, aquela menina que aborreci no primeiro instante, que julguei insuportável e logo depois espirituosa, que daí a algumas horas comecei a achar bonita, no curto trato de um dia, ou melhor ainda, em alguns minutos de uma cena de amor e piedade, em que a vi de joelhos banhando os pés de sua ama, plantou no meu coração um domínio forte, um sentimento filho da admiração, talvez, mas sentimento que é novo para mim, que não sei como o chame, porque o amor é um nome muito frio para que o pudesse exprimir!... Eu a mim não conheço... não sei onde irá isto parar... Eu amo! ardo! morro!"




FICHA

Autor(a): Joaquim Manuel de Macedo
Editora: Nobel
Ano: primeira publicação em 1844
Número de Páginas: 176
ISBN: 9788521314783
Filme: Filme homônimo lançado em 1970, estrelado por Sônia Braga e David Cardoso.
Jogo: Não.
Indicado para: Quem gosta de clássicos
Contra-indicado para: Quem prefere enredos elaborados e não gosta de uma linguagem mais antiga ou romances históricos.
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O LIVRO

Considerado o primeiro grande romance do Romantismo brasileiro, este livro traz um enredo simples com um típico final feliz. Ele foi escrito durante os últimos anos do curso de medicina do autor e alcançou rapidamente grande popularidade. Além de ser um marco do romantismo, sua importância também reside no fato de descrever a sociedade, costumes e cenários da época, facilitando a compreensão do período histórico em que foi escrito.

OPINIÃO PESSOAL

Um livro clássico, que tem como foco o romance entre os protagonistas. Descreve um amor idealizado, com o sentimento entre os dois desenvolvendo-se de forma extremamente rápida. O enredo é fraco e um tanto exagerado, ainda assim é encantador, completado com alguns toques de humor que dão leveza à obra. Embora seja um clássico e retrate a sociedade da época, a forma divertida como a inconstância e o flerte entre os jovens é descrito remete à atualidade. Os diálogos são muito frequentes e bem feitos e os personagens trazem características bem reais, revelando-se por vezes dissimulados, infiéis e travessos. É um clássico que vale a pena ser lido.

RESUMO COMPLETO DA HISTÓRIA
(Atenção: Não leia se não quiser saber a história e o final do livro!)

O livro é iniciado com um diálogo entre quatro amigos estudantes: Filipe, Leopoldo, Fabrício e Augusto. Filipe convida os amigos a passar a véspera e o dia de Sant'Ana junto com ele e a avó, chamada Ana, em uma ilha. Todos se prontificam a ir, exceto Augusto, que reluta. Filipe alega que as primas dele irão, usando o fraco do garoto por moças bonitas.
Descreve a prima mais velha, Joana, como uma garota pálida de dezessete anos, com cabelos e olhos negros. A prima mais nova, Joaquina, é descrita como uma loira de pele rosada e olhos azuis. Neste momento, é revelado que a irmã dele também estará presente. Sobre ela, só é dito que é uma moreninha de catorze anos.
Augusto decide acompanhá-los e Filipe aposta que o amigo, conhecido por sua inconstância, voltará apaixonado da ilha. Fica acertado que quem perder escreverá um romance contando a história da derrota.
Augusto chega à ilha e encontra os amigos. A irmã de Filipe, conhecida como a Moreninha, inicialmente não o agrada, pois ele acha que a garota é travessa e caprichosa. Entretanto, ao conhecê-la melhor, passa a considerá-la perspicaz, engraçada e interessante. Ela também demonstra ter interesse no rapaz, acompanhando suas conversas e ações e, com o tempo, a menina cativa a atenção de todos.
Durante um passeio, Augusto revela à D. Ana que amava uma garotinha que encontrou quando ainda tinha treze anos. Conta que se encontraram na beira do mar, brincaram e prometeram casar-se quando crescessem. Diz ainda que seguiram um garoto que os levou até o pai agonizante de fome e doaram o que tinham nos bolsos, recebendo em troca dois breves e a profecia que o desejo deles de se casar seria realizado. Entretanto, eles despediram-se sem dizer os nomes e ele não encontrou mais a garota. Por fim, relata que passou por algumas decepções amorosas, que reforçou sua decisão de amar apenas aquela garota que encontrou quando menino.
O feriado termina e todos retomam sua rotina, entretanto, Augusto fica impaciente e descontente com tudo. Finalmente, admite estar apaixonado pela Moreninha. Carolina também fica abatida após a partida de Augusto. Ela planejava vencer apenas a inconstância dele, mas passou a gostar realmente do rapaz. Augusto visita a ilha nos próximos dois domingos e ambos percebem que o sentimento é recíproco.
Augusto encontra o pai na corte ao vir do último passeio à ilha e ele o proíbe de voltar, ordenando ao jovem que se concentre nos estudos. Augusto é trancado no quarto e nega-se a comer e dormir, adoecendo. O pai, preocupado, volta atrás e leva o filho no domingo para a ilha. Depois de conversar com D. Ana no escritório, o pai de Augusto afirma que ele tem permissão para se casar com Carolina, caso ela queira.
A moreninha pede meia hora para dar a resposta. Os jovens conversam e ela diz que não pode aceitá-lo porque ele tem que cumprir a promessa feita à criança com quem disse que se casaria. Por fim, ele descobre que Carolina era aquela criança, pois ela guarda o breve que recebeu ainda na infância. Todos festejam o noivado e Augusto, o perdedor da aposta, afirma que já escreveu o romance sobre sua derrota, que se chamará "A Moreninha".

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